SOPA DE MILHO VERDE É A AUTÊNTICA CULINÁRIA DE PIEDADE

Há cerca de 10 anos, venho estudando as curiosidades do município de Piedade. No final do anos 90, já formado em História, procurei levantar dados da cultura e folclore de Piedade. Acompanhado pelo Felipe Moron Escanhoela e André de Sousa Pinto, andamos por 100 km Durante 4 dias. Durante esse momento, registrei através de fotos, desenhos e anotações. Nessa aventura trouxe a tona uma realidade existente na zona rural, as iguarias culinárias.

Assim, a que mais chamou a atenção foi a produção da Sopa de Milho verde. A Sopa de milho verde é uma iguaria que resgata o período da fundação de Piedade.
A receita foi desenvolvida pelos próprios moradores da zona Rural, sendo mais consumida na safra do milho. O material usado para o preparo é o caldeirão, a colher de pau e ralo. Os ingredientes são: milho verde, frango alho e abobrinha. As pessoas mais antigas e tradicionais, principalmente os moradores da Zona Rural de Piedade, ainda preparam a sopa, chamada por eles de "mingau".
No verão, a sopa de milho é um prato que serve a comunidade quando se juntam para fazer as pamonhas. Nas terras do fundador de nossa cidade, "Vicente Garcia" era um proprietário de um pequeno lote de terra, onde plantava um milharal, onde hoje é a Igreja Matriz no centro de Piedade.
O Professor Antônio Leite Netto, autor do livro História de Piedade, é um dos maiores pesquisadores da História de Piedade, ele possui um documento comprovando a produção e o loteamento de Vicente Garcia. Um milharal com pequena produção.
Onde está localizada a Praça da Matriz, era um lugar de descanso das tropas de muares. Os tropeiros juntavam-se e produziam a sopa de milho. Não havia uma queima do alho aos moldes que eram realizados em Itapeva, pois, em Piedade, os tropeiros estavam fugindo dos impostos de Sorocaba.
Enfim, tal levantamento apliquei ministrando cursos de Turismo Rural e também um curso direcionado a empresários e estudantes de Turismo, onde apresentei o Roteiro Turístico dos Tropeiros, destacando a Sopa de Milho. Esse curso foi realizado pelo Sindicato de Bares, Restaurantes e Similares, em parceria com a Prefeitura de Piedade, em 2001.
Quando trabalhei como Coordenador de Cultura, eu procurei resgatar esse trabalho. Procurei fazer uma ação no Dia das Mães em parceria com a ACIP, onde distribuímos gratuitamente a sopa de milho na Praça, depois fui ao Abaçaí e a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, onde apresentei minhas pesquisas. Na ocasião, fomos convidados a apresentar as iguarias típicas da zona rural. A Sopa de milho é a mais autêntica, seguida pelo Feijão Guandu que era típico da Fazenda das Lavras (Bairro dos Leites) e a sopa de cebola, representando a economia ainda no século XX.
E iniciamos o projeto Revelando São Paulo, onde minha esposa, a Professora e culinarista Regiana Caetano Ayres de Araújo, assumiu a produção das receitas típicas. Piedade é reconhecida pelo Estado ao promover uma autêntica culinária caipira, ouvimos do próprio Toninho Macedo, que é o Presidente do Abaçaí, que o resgate que fizemos é de suma importância para o Estado de São Paulo, pois levanta dados de nossas raízes e ajuda numa melhor compreensão de nossas identidades.
Enfim, a Sopa de Milho verde também foi apresentada na Comemoração dos 170 anos de Piedade, no Rancho Tropeiro idealizado pelo Departamento de Cultura e Departamento de Turismo em 2010.
O passo agora é propor o tombamento dessa iguaria, como o prato oficial de Piedade, a Sopa de Milho verde, a importância desse resgate de uma autêntica gastronomia caipira estimula o turismo e o patrimônio histórico de Piedade.



Texto de Rodrigo Ayres de Araújo - Formado em Historia e estudante das tradições culturais de Piedade